Unindo tecnologia, engajamento social e arte transformadora, a Cia Um Brasil de Teatro e Artes lançou, no dia 7 de outubro, uma campanha de financiamento coletivo independente para produzir o longa-metragem ficcional “Dona Tereza”, baseado na vida e na obra de Tereza Felipe, uma mulher negra de 85 anos, catadora de recicláveis e mãe de 45 filhos adotivos.
Reconhecida por seu compromisso com a arte, a memória e a mobilização social, a Cia Um Brasil, sob direção de Max Mu, aposta em uma estratégia inovadora de produção colaborativa para viabilizar o projeto, que também será uma homenagem em vida à trajetória de uma das maiores referências de afeto, resistência e solidariedade do país.
“O audiovisual negro sempre enfrenta barreiras estruturais. Se o cinema brasileiro já lida com entraves burocráticos e falta de incentivo, quando se trata de diretores e produtores negros, os caminhos oficiais praticamente inexistem”, denuncia Max Mu, diretor, roteirista e militante do movimento negro desde 1998.
À frente também da produtora CineVozes, Max reuniu uma equipe multidisciplinar para transformar o filme em um movimento coletivo contra o racismo estrutural no audiovisual.
“Quando contamos a história de Dona Tereza, falamos de nós mesmos, das ausências do Estado e da potência do afeto. Essa campanha é fundamental para que o cinema receba essa diversidade e o filme seja produzido com a qualidade que essa história merece”, reforça o diretor.
Mais do que um retrato biográfico, o longa conduzirá o público por um século de políticas sociais brasileiras, revelando avanços, lacunas e contradições através do olhar sensível de uma mulher que fez da solidariedade sua missão de vida.
A campanha está aberta a todas as pessoas interessadas em apoiar o cinema negro e fortalecer narrativas que desafiam o apagamento histórico. O cadastramento gratuito pode ser feito no site: catadoras.cinevozes.com.br.
Para Marina Ribeiro, da MRS Preta Produções e co-produtora da campanha doo longa, o projeto também é uma forma de dar visibilidade às mulheres negras que constroem histórias de resistência longe dos holofotes.
“Dona Tereza é uma mulher comum, mas cuja vida extraordinária ecoa os desafios de milhões de brasileiras. Nossa campanha é um convite para que mais pessoas conheçam sua trajetória e para que possamos seguir ampliando as vozes das mulheres negras e catadoras em todo o país”, destaca Marina.
‘Dar Voz’, faz parte do que Max Me chamou de “A Voz Original na Dramaturgia Brasileira”, cujo primeiro resultado foi a peça “Diário Dum Carroceiro” que ficou dez anos no circuito nacional.
O longa “Dona Tereza” é um desdobramento do documentário #NossaFamília (2019), também produzido pela Cia Um Brasil e pela CineVozes, que apresentou ao público a história de duas catadoras negras, uma com 25 filhos adotivos e outra com 45, a própria Tereza. O impacto positivo do documentário inspirou a equipe a transformar essa narrativa em uma obra de ficção com maior profundidade, alcance e impacto social.
Durante a pandemia, o grupo criou a Ação Catadoras, iniciativa online que manteve o diálogo com mulheres e comunidades retratadas na pesquisa, promovendo acolhimento e visibilidade em meio ao isolamento.
Sobre a Cia Um Brasil
Fundada em 2004, a Cia Um Brasil de Teatro e Artes é reconhecida por projetos artísticos e socioculturais de forte impacto, como Diário Dum Carroceiro, Reciclos e o 1º Fórum de Performance Negra do Estado de São Paulo. Também é idealizadora da Caminhada Luiz Gama, um marco de resistência e memória negra no país.
Serviço:
A campanha de financiamento coletivo do longa Dona Tereza já está disponível em: catadoras.cinevozes.com.br