O humor diferenciado – e afiado – do Centro Teatral e Etc e Tal para o público adulto está de volta. Duas décadas depois, os personagens do espetáculo Fulano & Sicrano voltam em nova roupagem teatral em ESPERANDO BELTRANO – que ganhou o Prêmio do Humor Fábio Porchat para montagem da obra inédita, agregado ao Prêmio Sesc Pulsar, com estreia e temporada no Sesc Copacabana, de 11 de agosto a 04 de setembro, de quinta a domingo.
Escrita pelos atores e mímicos Alvaro Assad e Márcio Moura, o espetáculo coloca o fator ‘tempo’ como norte e revisita de forma ácida o universo do teatro contemporâneo, com doses de histrionismo e virtuosismo físico e gestual – apresenta a comicidade na busca das diversas e inusitadas linguagens, da narração histriônica ao silêncio do gesto.
Os personagens atravessam o tempo rasgando literalmente a metalinguagem teatral, cena, figurinos, adereços, luz, música e cenário. O que acontece se atores envelhecem 200 anos? Há quanto tempo o tempo dura? Histórias sobre o tempo e as relações entremeadas dos personagens (artistas) com o tempo fazem parte do enredo – com ambos envelhecendo no palco, ao vivo, ao adotarem o visagismo de Cleber de Oliveira como uma das cenas mais centrais do espetáculo.
Fulano e Sicrano são diversos ou um somente. Personagens que se encontram em escombros de um tablado de teatro e com ele configuram a troca cênica do surreal. O que fazer, falar e para onde ir? E falar é necessário? Prestes a completar 30 anos em 2023, estas perguntas sugerem como a Companhia trata hoje a questão do tempo, questões que seguram o espetáculo e são trazidas à tona pela pantomima – que é lugar de pesquisa milenar no teatro gestual e marca registrada dos espetáculos do grupo.
Ao final das apresentações, sobre quem seria o Fulano e quem seria o Sicrano, na montagem de 1999, a primeira do grupo, Assad e Moura respondiam sempre da mesma maneira, a jogar com o público: “eu sou Beltrano”. Desse fato surgiu a ideia de criar o espetáculo “Esperando Beltrano”. Alvaro adianta que o título da montagem faz um trocadilho com uma das mais importantes obras do século XX, “Esperando Godot”, de Samuel Beckett.
Os personagens Fulano e Sicrano (ou os atores Alvaro Assad e Marcio Moura) se encontram novamente no palco para atravessar o olhar do público com suas inesperadas situações cômicas. Quem é Beltrano que Alvaro Assad e Marcio Moura (ou Fulano e Sicrano) esperam? Ou o que é? A resposta é uníssona: o absurdo da mímica dialoga com o teatro do absurdo, desde sempre.
“O Mote principal e lugar de partida de ESPERANDO BELTRANO é a mescla do envelhecimento/amadurecimento do espetáculo FULANO&SICRANO que estreou em 1999 e hoje, mais de duas décadas passadas, temos esses personagens no espetáculo, um elenco, uma companhia carregando virtuose, e acúmulos de histórias. Referenciar o espetáculo primário e o repertório de espetáculos, em uma releitura sobre ele, é fundamental para a bússola dessa busca. Definitivamente o que almejamos não é alguém e sim o tempo que é intangível para nós. O diálogo, mesmo que subliminar. com um dos mais significativos textos teatrais da história, “Esperando Godot”, é latente e com isso o diálogo da arte é presente e inspirador de cruzamentos estéticos, ainda que pincelados”, diz Marcio Moura.
“O Etc e Tal foi fundado em 1993 e tem um repertório de 10 espetáculos, que são revisitados em cena neste novo espetáculo, ou com referências para aqueles que já nos assistiram. Para os que não vivenciaram, o tempo é agora. ESPERANDO BELTRANO é a espera do espectador e finalmente seu encontro presencial”, diz Assad, responsável pela direção e a preparação mímica.
O espetáculo apresenta a comicidade na busca das diversas e inusitadas linguagens do Etc e Tal. Do teatro do absurdo às histórias narradas, da comicidade sem palavra ao inusitado do bufão, do lirismo à reflexão (leia-se as raízes de cada um dos atores/personagens). “Independentemente de quem ou que, o convite é a experiência do para onde vamos no teatro e sua experiência ao vivo e efêmera”, define Assad.
ESPERANDO BELTRANO resume em cinco atos a esfera trabalhada pela companhia ao longo do tempo:
Prólogo (Prólogo é um termo originalmente usado na tragédia grega para a parte anterior à entrada do coro e da orquestra, na qual se enuncia o tema da peça. Tornou-se também sinônimo de prefácio, preâmbulo, proémio, prelúdio e prormônio. Tornou-se prática comum nas peças dos séculos XVII e XVIII, geralmente em verso.);
Pantomima Literária – a técnica e característica cômica que carimbou o grupo como linguagem cênica nas últimas 3 (três) décadas, com narração simultânea a ação em mímica;
Teatro Narrativo ou Teatro Documentário – com histórias verdadeiras e colocadas no tablado de forma crua e direta;
Pantomima Clássica – histórias clássicas sem palavras, recriada com o humor do grupo e sua virtuose física;
Pantomima com Biombo – cenas pantomímicas em que o público assiste somente parte do corpo dos atores, dando a eles o poder de imaginar aquilo que não está visível. Seja o chão ou sua ausência.
Link vídeo: https://youtu.be/q3fScD9NmIM
FICHA TÉCNICA
Concepção Cênica e Texto Original: Alvaro Assad e Marcio Moura
Atuação: Alvaro Assad e Marcio Moura
Direção e Preparação Mímica: Alvaro Assad
Música Original: Rodrigo Lima
Figurinos: Fernanda Sabino
Visagismo (maquiagem, cabelos e próteses): Cleber de Oliveira
Desenho de Luz: Aurélio Oliosi
Programação Visual: Hannah23
Adereços em Arte: Arise Assad e Cleber de Oliveira
Prótese dentária: Marcia Laura Fonseca
Montagem e Contra Regragem : Levi Leonardo
Produção Executiva: Lu Altman
Fotografias: Levi Leonardo e Celso Pacheco
Comunicação: Alexandre Aquino
SERVIÇO
ESPERANDO BELTRANO
ESTREIA: dia 11 de agosto (5ªf), às 18h
ONDE: Sala Multiuso do Sesc Copacabana – Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana
Tel: (21) 2547-0156
HORÁRIOS: quinta a domingo às 18h
INGRESSOS: R$30 e R$ 15 (meia)
DURAÇÃO: 70 min
CLASSIFICAÇÃO ETÁRIA: 16 anos
GÊNERO: Humor Lírico e Ácido
CAPACIDADE: 48 espectadores
TEMPORADA: até 04 de setembro de 2022