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Canetinhas para emagrecimento podem auxiliar no tratamento do Alzheimer

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Crédito: Lécio Augusto Ramos/FAPERJ
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Pesquisadores da UERJ investigam efeitos de medicamentos usados contra obesidade e diabetes na proteção do cérebro

Elas ficaram conhecidas como “canetinhas do emagrecimento”, mas podem representar algo muito maior: uma possível arma contra doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer. Pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) estão conduzindo um estudo inédito sobre os efeitos da tirzepatida (Mounjaro) e da tirzepatida (Mounjaro). Criados para o tratamento do diabetes tipo 2, esses medicamentos se destacam não apenas pela eficácia contra a obesidade, mas também pelo impacto sobre o metabolismo cerebral.

De onde surgiu a ideia

A professora Márcia Águila, coordenadora do projeto, conta que a pesquisa começou a partir de resultados obtidos com outros análogos do GLP-1, hormônios que regulam glicemia e apetite.

“O primeiro que estudamos foi a liraglutida, usada contra o diabetes do tipo 2. Depois veio a semaglutida, mais conhecida como Ozempic, que já mostrou benefícios não só na glicemia, mas também no controle do peso, na ilhota pancreática e célula beta (que produz insulina) e até da esteatose hepática. A tirzepatida, o Mounjaro, representa a evolução dessa classe, por atuar em dois alvos ao mesmo tempo. Foi aí que pensamos: se funciona em obesidade, diabetes e fígado, por que não investigar também seus efeitos sobre doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer?”, explica.

O modelo em animais

Para avaliar os efeitos do medicamento, a equipe desenvolveu um modelo experimental em camundongos fêmeas obesos, diabéticos e menopausados — condições comuns em pacientes humanos. Duas publicações relevantes foram feitas em 2025 na prestigiosa revista Diabetes, Obesity and Metabolism (ou simplesmente DOM) e também na revista Life Sciences.

“Esse modelo é pouco utilizado, mas muito relevante. Ele nos permite avaliar de forma mais realista os efeitos do medicamento em situações que reproduzem a clínica dos pacientes. E os resultados já mostraram benefícios importantes: redução da glicemia, da esteatose hepática e perda de peso”, relata a nutricionista e doutoranda Julie Bittencourt, que conduz parte do experimento.

Na próxima etapa, os pesquisadores vão investigar a relação entre obesidade, diabetes e alterações cognitivas. Para isso, uma substância será aplicada em animais de laboratório para induzir neuroinflamação, e então será testado o impacto da tirzepatida.

“Queremos verificar se, além dos efeitos metabólicos, a tirzepatida pode ter ação anti-inflamatória no sistema nervoso central. Em modelos de obesidade e diabetes, já observamos alterações cognitivas semelhantes às vistas no Alzheimer. Nossa proposta é analisar se há melhora nesses parâmetros após o tratamento”, detalha Julie.

Para além do peso

A bióloga Thatiany Marinho, pós-doutoranda da Faperj, também integrante da pesquisa, lembra que a obesidade é um fator de risco que abre caminho para várias doenças crônicas.

“Quando falamos de obesidade, não estamos tratando apenas de estética ou peso corporal. Ela está ligada ao diabetes, às doenças hepáticas e cardiovasculares e, cada vez mais, ao risco de doenças neurodegenerativas. O que buscamos é entender se esses medicamentos podem atuar como prevenção e/ou tratamento, diminuindo a progressão desses quadros”, afirma.

Alzheimer como “diabetes tipo 3”
A relação entre diabetes tipo 2 e Alzheimer é sugerida há algum tempo. Alguns cientistas, inclusive, já chamam a doença neurodegenerativa de “diabetes tipo 3”, pela semelhança dos mecanismos ligados à resistência à insulina no cérebro.

“Sabemos que há uma ligação importante entre metabolismo e saúde cerebral. Se conseguimos controlar processos como inflamação e resistência à insulina, podemos abrir caminho para novas estratégias de tratamento do Alzheimer”, reforça Márcia Águila.

Ciência feita no Rio

O estudo é liderado pelo professor Carlos Alberto Mandarim-de-Lacerda, um dos cientistas mais produtivos da UERJ, com mais de 380 artigos publicados e reconhecimento internacional. Ao lado de Márcia Águila e de outros jovens pesquisadoras como Vanessa de Souza Mello e Thereza Lonzetti Bargut (da UFF Nova Friburgo), o grupo se destaca pela abordagem multidisciplinar, unindo morfologia, metabolismo, nutrição e farmacologia. O grupo inclui também a participação de Luiz Eduardo Cardoso, Sandra Barbosa da Silva, Alinne Penna de Carvalho, Pedro Henrique Reis Barbosa e Flavia Veiga da Silva.

Para a presidente da FAPERJ, Caroline Alves, o projeto tem impacto direto na saúde pública.

“É uma pesquisa de enorme relevância social e científica. Estamos falando de doenças que impactam milhões de brasileiros e sobre as quais ainda temos poucas alternativas terapêuticas. Ver que uma linha de investigação da UERJ pode abrir caminhos tanto para a prevenção quanto para o tratamento de condições como Alzheimer, diabetes e obesidade é motivo de orgulho para todos nós. A ciência fluminense mostra, mais uma vez, sua capacidade de inovar e propor soluções para os grandes desafios da saúde pública”, afirma.

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