CABARÉ CHINELO conta o outro lado da história das prostitutas que viveram no período da belle époque para a cidade de Manaus. Inspirada na pesquisa do historiador Narciso Freitas, a montagem é assinada pelo Ateliê 23, companhia amazonense que celebra dez anos de atuação, em parceria com a cia de teatro argentina García Sathicq. Em julho deste ano, a companhia apresentou a produção no Sesc Pinheiros e no Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto. Todas as sessões com ingressos esgotados. O espetáculo retorna a São Paulo para três únicas apresentações no Teatro B32, de 17 a 19 de novembro.
A história não contada nos livros ganha espaço em CABARÉ CHINELO 100 anos depois de seus acontecimentos. A belle époque manauara esconde o sangue de mulheres prostituídas em um grande esquema de tráfico internacional e sexual no início do século XX.
A obra traz a história de Mulata, Balbina, Antonieta, Soulanger, Felícia, Laura, Joana, Luiza, Enedina, Sarah, Maria e Gaivota, que cantam suas vidas, pondo em cena verdades, até então, desconhecidas, levando o público uma imersão entre 1900 e 1920, com registros históricos por meio de recortes dos jornais da época.
“Escolhemos quatro momentos para os recortes de jornais de verdade, material presente no programa do espetáculo e disponível em QR Code para a plateia”, destaca Taciano Soares, diretor do Ateliê 23, que interpreta o Kafter. “Nessas cenas, o público é convidado a abrir o arquivo e ler junto o que foi narrado no jornal da época”.
O QUE FOI O CABARÉ CHINELO?
Durante o período da belle époque, nas dependências do suntuoso Hotel Cassina existiu um cabaré. O lugar serviu como base para o desenvolvimento da cidade porque reunia os políticos e os poderosos da época. Como o principal produto que era extraído naquela época era o látex, principal elemento da borracha, isto deu nome ao “chinelo” e consequentemente ao Cabaré. Essa é a história que ouvimos e lemos nos livros narrados que chegam ao acesso de grande parte da população.
Quando o Ateliê 23 conheceu o pesquisador de mestrado em história da Universidade Federal do Amazonas, Narciso Freitas, teve acesso às verdades por trás dessa história. As mulheres conhecidas como prostitutas que chegavam a Manaus vinda de outras partes do mundo eram, na verdade, traficadas sexualmente, visto que muitas delas não tinham consciência de que estavam vindo à cidade para exercer esse papel, sem seu consentimento.
Com isso revelou-se a necessidade em denunciar esta realidade, bem como trazer essas vozes ao palco, metaforicamente, para compartilhar como mulheres foram consideradas desde o período áureo da borracha em Manaus e como isso reverbera até os dias atuais acerca do machismo e a misoginia que se apresenta de forma enraizada na sociedade atual.
O projeto, em parceria com a companhia de teatro argentina García Sathicq, tem apoio do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), além da Fundação Nacional de Artes (Funarte) e Fondo de Ayudas para las Artes Escénicas Iberoamericanas – IBERESCENA.
Hamyle Nobre Rudá Marques Ateliê 23 apresenta ‘Cabaré Chinelo’
Direção: Taciano Soares
Com: Vivian Oliveira, Sarah Margarido, Andira Angeli, Julia Kahane, Thayná Liartes, Fernanda Seixas, Daphne Pompeu, Daniely Peinado, Vanja Poty, Ana Oliveira, Bruna Pollari, Allícia Castro, Taciano Soares e Eric Lima, além dos músicos Yago Reis, Guilherme Bonates e Stivisson Menezes.
Duração: 130 minutos.
Classificação: 18 anos
Temporada:
17/11 – 20h
18/11 – 18h
19/11 – 19h
Ingressos: R$ 80 | R$ 40 meia
Ingressos online : https://teatrob32.com.br/cabare-chinelo/
Bilheteria: terça a sexta (14h às 18h)
Em dias de espetáculos abre 1h antes da sessão
Teatro B32 | 490 lugares
Avenida Brigadeiro Faria Lima, 3.732 – Itaim Bibi
Estacionamento, com valet:
Rua Lício Nogueira, 92, Itaim Bibi
FICHA TÉCNICA
Direção: Taciano Soares
Co-direção: Jazmín García Sathicq
Dramaturgia: Eric Lima e Taciano Soares
Elenco: Allícia Castro / Ana Oliveira / Andira Angeli / Bruna Pollari / Daniely Peinado / Daphne Pompeu / Eric Lima / Fernanda Seixas / Julia Kahane / Sarah Margarido / Taciano Soares, Thayná Liartes / Vanja Poty / Vivian Oliveira
Stand-in’s: Amanda Magaiver / Grazi Dias / Lely Costa / Naomi Tokutomi
Direção Musical e Coreografia: Eric Lima
Banda e Arranjos: Guilherme Bonates / Stivisson Menezes / Yago Reis
Assistência de direção: Carol Santa Ana / Eric Lima
Assistência Musical: Guilherme Bonates / Sarah Margarido
Preparação corporal: Viviane Palandi
Preparação vocal: Krishna Pennutt
Cenografia: Juca Di Souza
Figurino: Melissa Maia
Iluminação: Tabbatha Melo
Operação de luz: Lore Cavalcanti
Bilheteria e técnica de palco: Titto Silva
Pesquisa histórica: Narciso Freitas
Fotografia e vídeo: Hamyle Nobre / Rudá Marques
Identidade visual: Eric Lima
Produção: Ateliê 23
Sobre o Ateliê 23
Em 2023, a companhia amazonense celebra dez anos de atuação. Com sede no Centro de Manaus desde março de 2015, na Rua Tapajós, 166, o Ateliê 23 tem 30 espetáculos, cinco shows e quatro obras audiovisuais no repertório.
A principal característica do grupo é trabalhar com histórias reais, objeto da tese de Doutorado “Bionarrativas Cênicas: Dispositivos de Comoção em Obras do Ateliê 23”, defendida pelo diretor Taciano Soares na Universidade Federal da Bahia.
Entre obras de sucessos de público e crítica estão “Helena”, selecionado para a mostra a_ponte: cena do teatro universitário do Itaú Cultural e indicado ao Prêmio Brasil Musical; “da Silva” e “Ensaio de Despedida”, indicados para o projeto Palco Giratório, do Sesc; “Vacas Bravas” e “Persona – Face Um”. Este último colocou em pauta o tema transfobia e ficou um ano e meio em cartaz.
Prêmios
No 17º Festival de Teatro da Amazônia, realizado neste mês, o “Cabaré Chinelo” conquistou três prêmios: “Melhor Espetáculo”, “Direção” para Taciano Soares e “Melhor Figurino” para Melissa Maia. O espetáculo foi indicado ainda nas categorias “Melhor Atriz”, com Vivian Oliveira, “Melhor Ator” e “Trilha Sonora”, com Eric Lima.
A produção concorre no 22º Anual Prêmio Cenym de Teatro Nacional, da Academia de Artes no Teatro do Brasil, como “Melhor Elenco”, “Melhor Figurino” e “Melhor Companhia”. O resultado vai ser divulgado no dia 21 de novembro, em cerimônia de premiação.
Neste ano, o Ateliê 23 também conquistou o prêmio de melhor atuação nacional no 8º Festival Internacional de Cinema da Diversidade Sexual e de Gênero de Goiás, com a personagem Belinho, vivido por Taciano Soares no filme “A Bela é Poc”, primeiro curta do grupo.
Desde a estreia, em outubro de 2021, no Teatro Amazonas, o curta “A Bela é Poc” tem circulado por festivais, como Circuito Penedo de Cinema, em Alagoas; edição de 2022 do Festival de Cinema da Amazônia – Olhar do Norte, na capital amazonense; Shorts México, um dos maiores festivais de curtas-metragens da América Latina; e KASHISH Mumbai International Queer Film Festival, evento anual LGBT que acontece em Mumbai, na Índia. O filme, que faz parte de um projeto que inclui o clipe “Glowria” e a videodança “Azul”, participou ainda da “Expedição Cultural”, do Governo do Amazonas por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, e foi exibido em nove cidades do interior.
Mais informações e programação completa do Ateliê 23 em atelie23.com e pelo Instagram (@atelie23).