Com os impactos da pandemia em nossa sociedade, diversas áreas têm sentido na pele as mudanças pelas quais o mundo passou. Dentre elas, diversos tipos de negócios se viram fechando suas portas, devido à baixa na demanda, ainda mais com o isolamento social. Entretanto, o mercado de carros usados não tem muito o que reclamar.
Uma série de fatores somados fizeram com que o mercado de carros usados tivesse um salto substancial – desde os grandes polos, como São Paulo e Rio de Janeiro, até os seminovos Porto Alegre.
O medo causado pela Covid-19 fez com que as pessoas tivessem medo de utilizar o transporte público por medo da contaminação, e buscaram migrar para uma forma mais individual de transporte.
Entretanto, com a alta na taxa de juros brasileira, somada ao crescimento constante no preço dos combustíveis e também na inflação, grande parte da população direcionou a sua busca diretamente para os carros seminovos, como uma forma de abaixar um pouco seus gastos mensais.
Segundo a Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores), a média diária de vendas de veículos usados totalizou 59.037 transações somente no primeiro semestre de 2021. Ela leva em consideração, tanto veículos pesados, quanto motos.
Só para termos uma noção, isso representa um aumento de 7,8% em relação ao primeiro semestre de 2019, onde foram realizadas 54.768 transações, período em que ainda não havia a pandemia de Covid-19.
Porém, com esse aumento relativamente grande no número de vendas de carros, cresceu também o número de golpes relacionados. Por isso, é sempre bom prestar atenção em alguns pontos na hora da compra, que, apesar de serem simples, fazem uma enorme diferença.
Pneus
Um dos fatores mais fáceis de se identificar na hora da compra, basta um olhar cuidadoso, a olho nu, para constatar alguma irregularidade. Fora que é um ótimo parâmetro para medir a sinceridade do vendedor, ao responder se o jogo de pneus é novo, “meia-vida”, ou completamente gasto.
A análise é simples: basta ver os sulcos e as pequenas partes em borracha, vulgarmente conhecidas como “cabelinhos dos pneus”. Caso eles ainda estejam aparentes e os sulcos um pouco gastos, o pneu está novo e em boas condições.
Porém, caso o pneu esteja careca, com os cabelinhos inexistentes e o sulco praticamente gasto, é necessário trocá-lo, ou pedir para que o vendedor o faça. Uma boa saída é negociar que o valor da troca de pneus seja abatido no preço final do veículo.
Alinhamento da carroceria
Quando os veículos se envolvem em qualquer tipo de acidente violento, eles tendem a ter uma carroceria desalinhada. Apesar de soar complexo e técnico, verificar se um veículo sofreu algum tipo de batida é mais fácil do que parece.
Checar as portas, o capô e a tampa do porta-malas, para ver se elas fecham com facilidade e se não possuem nenhum tipo de espaço em aberto, é uma das formas mais fáceis de identificar.
As partes de metal atrás das portas que sustentam o teto, chamadas de “colunas do veículo”, devem estar retas e em perfeito estado. Se estiverem com massas, em alguma parte da lataria, pode indicar reparos, geralmente mal feitos, decorrentes de batidas.
Elétrica
A parte elétrica é um componente vital, dependendo do modelo do veículo, e que, se estiver com algum problema, ao invés de trazer conforto, segurança e praticidade, pode se tornar uma enorme dor de cabeça para o proprietário.
Devido ao custo de manutenção ser relativamente alto, antes de adquirir um veículo, cheque todas as luzes, analise os fusíveis e outros componentes que compõem a parte elétrica, como vidros e travas.
Caso estejam com problemas, peça ao vendedor para resolver ou abater no valor final do veículo. Mas é sempre bom frisar que esse problema não é recorrente nem é derivado de algo mais grave.
Caixa de câmbio
Esta peça é um verdadeiro pesadelo para grande parte dos motoristas. Quando uma caixa de câmbio, ou caixa de marchas, dá algum tipo de defeito, além do custo de manutenção ser bem alto, costuma deixar o carro na oficina por um longo tempo.
Verificar se as marchas estão calibradas e encaixando bem é uma ótima maneira de analisar este componente. Procure andar com o carro em lugares onde se pode desenvolver o veículo, através de marchas de maiores velocidades, como quinta ou mais.
Caso tenha alguma dificuldade no engate de alguma marcha, é muito provável que a caixa esteja com problemas.
Correias
Os ruídos do carro também devem ser levados em conta. Antes de andar com o carro, procure levantar o capô e se aproximar para ouvir o motor e seus sons. Fazendo isso, alguns problemas podem ser identificados, sem precisar gastar dinheiro.
Verifique se tem algum chiado agudo derivado das polias, porque isso pode indicar que as correias estão gastas e é necessário trocá-las. O rompimento de uma correia pode trazer um prejuízo grande para o dono, por isso é sempre bom levar o veículo em um mecânico, para que ele possa avaliar a necessidade de uma troca, ou não.
Motor
O motor é a parte mais importante do veículo, e, dependendo do seu estado, ou então do problema que o vendedor relate, faz com que a compra não compense. Verificar se existem problemas ao checar a temperatura do motor em sua atuação, se tem água suficiente no reservatório e barulhos estranhos pode evitar um mau negócio.
Se estiver saindo uma fumaça excessiva do cano de descarga, é bem provável que o motor esteja com problemas, e vai ser necessário passar por uma retifica.
No caso de o motor “engasgar”, vários fatores podem estar envolvidos, como: bicos de injetores sujos ou entupidos, cabeçote desgastado, bomba de combustível ruim, vela cansada, carburador com acúmulo de sujeira, baixa pressão, entre outros.
Verificar tudo isso antes da compra é essencial. A procura de um mecânico especializado também pode auxiliar na tomada de decisão, justamente pelo fato de os problemas relacionados ao motor serem extremamente caros e difíceis de resolver.
Documentação
Na hora de comprar um carro usado, nem tudo envolve a parte mecânica. Existem alguns processos burocráticos, que, se não forem levados em consideração, podem dar muito mais dor de cabeça do que qualquer peça que vier a dar defeito.
Verificar se o antigo dono não tinha multas atreladas ao veículo, se todos os meandros relacionados estão em dia, como Renavan e vistorias obrigatórias por lei, e se não é roubado é muito importante.
Grande parte destas documentações pode ser consultada no Sinesp Cidadão, onde basta consultar pelo Renavam, ou pela placa do carro.