Eduardo Cintra, de apenas 17 anos, faz parte da seleção brasileira que pode ir à Holanda
Eduardo Cintra de Paula, atleta da Associação Bauruense de Desportes Aquáticos (ABDA), tem apenas 17 anos, mas já coleciona muitas conquistas e uma trajetória de evolução impecável. Mesmo tão jovem, ele foi convocado para compor a seleção brasileira adulta de polo aquático que deve disputar o Pré-Olímpico, em Rotterdam, na Holanda.
No torneio que será entre os dias 14 e 21 de fevereiro, Duzinho, como é carinhosamente chamado na ABDA, já será maior de idade, pois seu aniversário é dia 11 de fevereiro. A participação na competição será um presente e tanto, mas o atleta já tem no currículo outras três convocações, com vitórias, nas categorias de base.
- Trajetória do atleta é exemplo do propósito de usar esporte como ferramenta aliada à educação | Divulgação ABDA
Sempre focado, o atleta se esforçou ainda mais nos últimos tempos, justamente pensando nessa convocação. Para isso, além do apoio dos colegas e técnicos, contou com a equipe multidisciplinar da ABDA, composta por médica, nutricionistas e fisioterapeutas. “O atleta evoluiu muito, física e tecnicamente. Ganhou 7kg de massa magra de novembro até agora”, destacou Vinicius Marques, coordenador geral da ABDA.
Ainda em solo brasileiro, o atleta controla a ansiedade em embarcar rumo ao Pré-Olímpico, devido a um imprevisto que surpreendeu a delegação. A seleção brasileira que viajaria para a Alemanha no último sábado (30) com o objetivo de finalizar a preparação para o Pré-Olímpico foi impedida de embarcar, por conta de restrições impostas pelos países europeus a voos partindo do Brasil em virtude da pandemia.
A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e o Comitê Olímpico Brasileiro (COI) realocaram os atletas em hotel no Rio de Janeiro, cidade onde a seleção segue com os treinamentos que já vinham sendo realizados desde o final de 2020. As entidades informaram que trabalham para encontrar uma alternativa que viabilize a participação do Brasil no Pré-Olímpico.
- Seleção brasileira masculina de polo aquático; Duzinho é primeiro à direita da segunda fileira | Instagram CBDA
Orgulho da família – Surpresos e felizes com a convocação do filho tão jovem para a seleção adulta, os pais Adriana Cintra de Paula e Eduardo Kennedy de Paula são puro orgulho. “Quando ele foi de Bauru para o treino com a seleção, ele me disse mãe estou indo, me esforçando, mas minha chance é mínima. Eu disse faça o seu melhor, você é um rapaz focado, o que for pra ser pra você, será. Aproveite a experiência”, relembra Adriana.
A mãe conta que a “ficha ainda não caiu”. “Às vezes paro e penso que é um sonho, ele é tão novo! Mas, sabemos que ele se dedica muito, é superdeterminado, segue à risca o que passam os nutricionistas. Somos muito felizes pelo ser humano que ele é e pela ABDA que sempre foi a casa dele, sempre fez tudo para ele e para o irmão (Guilherme, também jogador de polo aquático da ABDA)”, afirma Adriana.
- Atleta foi 2 vezes campeão sul-americano e vice pan-americano, além de títulos nacionais e estaduais | Foto: Wilian Olivato
Sonho olímpico – Participar de uma Olímpiada é o sonho de todo atleta e Duzinho é o primeiro da ABDA a chegar tão perto dos Jogos Olímpicos. Ele tem consciência da grandeza da conquista. “Ser convocado mostra que nossa evolução e trabalho estão sendo reconhecidos. Minha expectativa é que daqui três ou quatros anos eu esteja pronto para jogar uma Olimpíada”, afirmou.
Eduardo Cintra entrou na ABDA aos 7 anos de idade. Aos 9, foi pela primeira vez para a Itália participar do HaBaWaBa Internacional Festival, o maior evento de polo aquático infantil do mundo. Pelo bom desempenho, acabou selecionado novamente e participou mais dois anos seguidos do festival na Itália. “Ter ido 3 vezes para o HaBaWaba com certeza contribuiu para que eu me empenhasse no polo aquático e foi a base das demais conquistas”, relembra.
E que conquistas! Convocado três vezes para a seleção brasileira nas categorias de base, Duzinho, que hoje joga pela ABDA nas categorias sub-18, sub-20 e adulto, já foi duas vezes campeão sul-americano e vice-campeão pan-americano, fora os diversos títulos de campeonatos nacionais e estaduais.
O bom desempenho no esporte, além da disciplina, comprometimento em geral e boas notas na escola renderam ao atleta mais uma conquista. Ele se tornou bolsista da ABDA no ensino médio e teve o benefício mantido para cursar a faculdade de Fisioterapia, que iniciará em 2021. A trajetória do atleta é um exemplo do propósito da ABDA de utilizar o esporte como ferramenta aliada à educação para formar cidadãos dignos, preparados para o mercado de trabalho e para a vida.
- Attila, no meio na fileira debaixo, com Duzinho ao lado, no Campeonato Brasileiro Sub-18, em 2019 | Divulgação ABDA
Torcida especial – O técnico do atleta na ABDA, o húngaro Attila Súdar, campeão olímpico por seu país em Montreal (1976), frisa a importância dessa convocação e não economiza elogios ao seu pupilo. “O Duzinho é muito talentoso, um atleta que pode jogar em quase todas as posições, na defesa, entrada, posição 2, 4, 5. Ele também é muito útil em situações de jogo quando se tem um homem a mais no campo. Para ele, é uma grande oportunidade chegar a esse nível”, comemora.
Para Attila Sudár, o polo aquático brasileiro ainda não está no nível europeu, apesar de ser um time forte na América do Sul. Ele explica que a presença de Eduardo Cintra nesse grupo da seleção dará a ele oportunidade de jogar contra atletas de alto nível, o que vai ajudar muito na sua evolução. “Jogar na ABDA, onde a gente treina entre nós, mesmo que seja o melhor treinamento do mundo, é diferente de uma competição de verdade”, pontua ao explicar a necessidade do Brasil competir no exterior para a evolução do polo aquático nacional.
Segundo Attila, a ida com a seleção para o Pré-Olímpico trará grande melhora à performance do atleta e isso vai ajudar também ao grupo ABDA. “Eu torço muito por ele, um menino muito bom, não só talentoso, mas que treina sério. Mas precisamos lembrar que ele é muito jovem, tem apenas 17 anos. Deve aproveitar a chance, ficar lá, observar e procurar não errar. Não se pode colocar muito peso sobre ele”, alerta o experiente húngaro.
Crédito da foto principal: Wilian Olivato