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Arroz anã pode ser incluído como Indicação Geográfica no Brasil

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A localidade de Porto Marinho, situada no distrito de São Sebastião do Paraíba, município de Cantagalo, na região serrana do estado do Rio de Janeiro, pode ter o seu principal produto, o arroz anã, incluído na lista de Indicação Geográfica no Brasil, como Denominação de Origem, que apresenta qualidades e características exclusivas de um produto de determinada área.

Não se sabe a origem do cereal, mas o arroz anã é cultivado há décadas em Porto Marinho e tem consistência e sabor únicos. Proveniente de agricultura familiar, é cultivado às margens do Rio Paraíba do Sul, sem utilização de pesticidas ou adubos químicos e tem atraído chefes renomados, inclusive do exterior, para conhecer o produto.

O lançamento do projeto para a candidatura do arroz anã à Indicação Geográfica ocorre hoje (7) no centro de Porto Marinho, que faz divisa com Minas Gerais, o único lugar que cultiva esse tipo híbrido do cereal. Sua população é de 200 habitantes. O projeto tem como parceiros o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) no estado, o Serviço Social do Comércio (Senac), o Instituto Maniva, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a prefeitura de Cantagalo e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater).

Valorização

A analista Erica Bittencourt, gestora estadual de Indicações Geográficas do Sebrae Rio, informou à Agência Brasil que o projeto prevê elaborar a documentação para registro do arroz anã no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). “A gente vai estruturar tudo que o distrito, os produtores de arroz anã precisam para fazer esse registro no INPI. O Sebrae está dando todo o apoio para que esses produtores consigam fazer o registro”, disse Erica.

A obtenção do registro de Indicação Geográfica vai valorizar o produto local, que é denominado “grande joia” da culinária. “A gente quer valorizar os produtores, o produto, que hoje não têm essa valorização. Ele é comercializado só internamente, no próprio distrito, no município de Cantagalo, e queremos levar o arroz anã para outros locais”. A ideia é expandir a comunicação para restaurantes e chefes sobre o produto. “É uma joia que a gente tem aí, que é o saber fazer com um produto tão específico”.

Erica informou que o Sebrae Rio vai trabalhar toda a parte do registro, mas também do aumento da produtividade e da criação de embalagem e marca para o arroz anã dessa região. “Toda essa parte vamos trabalhar com eles, de acesso a mercado”.

Planejamento

Os encontros entre produtores de Porto Marinho, o Sebrae Rio e todos os parceiros envolvidos vêm ocorrendo de forma digital há cerca de dois anos e renderam um amplo planejamento que envolve o Projeto de Indicação Geográfica, capacitações, consultorias técnicas e de gestão, ações com foco no turismo e gastronomia, além de um censo sociocultural, que permitiu que os especialistas pudessem conhecer a região e desenvolver, a partir daí, novos projetos de crescimento econômico para a localidade. O projeto terá continuidade até 2023.

A expectativa do presidente da Nova Associação de Moradores, Pescadores, Produtores Rurais, Artesãos e Amigos do Porto Marinho e adjacências, Maurício Passareli Silva, é que a comunidade passe a ter mais atenção do Poder Público e também possa gerar desenvolvimento econômico e social. “Acredito que o encontro presencial será muito produtivo, porque por aqui gostamos desse contato, de olhar nos olhos, de reconhecer o outro. Os encontros virtuais têm sido muito produtivos, já vendemos praticamente toda a safra, mas sei que agora teremos ainda mais oportunidades de crescimento e visibilidade”, disse ele.

Gastronomia e turismo

Durante o lançamento do projeto, o Senac RJ apresentará proposta de desenvolvimento para a região de Porto Marinho, por meio de ações nos eixos da gastronomia e do turismo. O objetivo é valorizar a comunidade local e promover o desenvolvimento da região por meio da geração de renda, capacitação profissional e atração de turistas.

Na área da gastronomia, o Senac RJ desenvolve estudo sobre o potencial culinário do arroz anã e realiza pesquisas no laboratório da unidade Copacabana, na zona sul da capital fluminense, sobre as receitas tradicionais locais e preparos inovadores.

O arroz anã de Porto Marinho tem formato semelhante ao arroz japonês, mas apresenta grãos ligeiramente menores. O produto é adaptável a receitas doces e salgadas e tem potencial para usos funcionais como em farinha de arroz sem glúten, por exemplo. Após a conclusão da fase de pesquisa, a intenção do Senac RJ é promover a capacitação das cozinheiras locais para incentivar a geração de renda e o registro de receitas tradicionais em uma publicação.

Na área de turismo, o Senac pretende propor roteiros para que o turista tenha a oportunidade de realizar uma visita gastronômica, histórica, rural e ecológica à região. Há possibilidade também de criação de uma rota histórica pelas fazendas centenárias dos arredores de Porto Marinho, considerado o primeiro Vale do Café do estado. 

Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil

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