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A Inteligência Artificial e o futuro do varejo supermercadista na NRF 2025

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A Inteligência Artificial e o futuro do varejo supermercadista na NRF 2025
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Como executivo do setor de varejo supermercadista, tenho o privilégio de participar mais uma vez da National Retail Federation (NRF) Retail’s Big Show, um dos maiores eventos de varejo do mundo. Logo no primeiro dia de discussões e palestras, o evento nos traz insights reveladores e aponta caminhos essenciais para a transformação digital e o futuro do nosso setor. A palestra de abertura foi protagonizada por dois grandes nomes: Azita Martin, vice-presidente e gerente geral de Varejo e Bens de Consumo da NVIDIA, e John Furner, presidente do conselho da NRF e CEO do Walmart nos Estados Unidos. As mensagens que eles compartilharam não poderiam ser mais oportunas para o momento em que vivemos no varejo supermercadista.

A revolução iniciada pela IA foi o destaque pontuado por Azita Martin, que fez um alerta fundamental para todos os profissionais do varejo. “A Inteligência Artificial (IA) é real, e eu encorajo todos vocês a começarem a usar”. O setor desupermercados, como muitos outros, tem visto a IA se expandir rapidamente, e a aplicação dessa tecnologia vai além da automação de processos. Ela está transformando o modo como as empresas de varejo interagem com seus consumidores, preveem demandas e até otimizam seus estoques. Em nosso setor, estamos testemunhando a IA sendo aplicada em áreas estratégicas como logística, marketing e vendas, permitindo uma personalização mais precisa, personalizada e, portanto, tendo um melhor entendimento do comportamento dos consumidores.

A L’Oréal, por exemplo, está utilizando a IA para criar campanhas publicitárias mais criativas, algo que, em um mercado tão competitivo quanto o de supermercados, também pode ser decisivo para conectar marcas e consumidores de maneira mais eficaz. A inteligência artificial, como destacou Azita, não é uma tendência passageira: “é um caminho sem volta”, afirmou ela. E não é por acaso que empresas como o Walmart têm sido pioneiras no uso dessa tecnologia para analisar uma quantidade colossal de dados, prevendo combinações de SKUs e lojas com uma precisão impressionante.

John Furner, CEO da Walmart, por sua vez, trouxe uma perspectiva otimista sobre o crescimento do varejo americano, apesar dos desafios econômicos que ainda enfrentamos. Em um ano marcado por inflação elevada, taxas de juros altas e questões geopolíticas, as previsões para o setor eram de um crescimento modesto, entre 2,5% e 3,5%. No entanto, ele revelou que os resultados estão superando as expectativas, o que é um indicativo de que, mesmo em tempos difíceis, o varejo continua resiliente.

Afirmação ratificada pelos últimos dados de vendas dos supermercados no Brasil. Segundo os dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo IBGE, em novembro, a receita dos supermercados fluminenses cresceu (+5,3%). No acumulado do ano, as vendas também aumentaram (+5,0%).

Esses desafios também têm um impacto direto sobre o setor supermercadista, que precisa se adaptar rapidamente às mudanças nas preferências dos consumidores, além de buscar formas mais eficientes de otimizar sua operação. A busca pela experiência do consumidor – um fator fundamental em um ambiente cada vez mais digital e competitivo – precisa estar alinhada com as expectativas de qualidade, preço justo e valores sociais e ambientais que o cliente moderno demanda.

Walmart e Amazon: Gigantes em transformação

O Walmart e a Amazon continuam a dominar o cenário do varejo global, com estratégias cada vez mais focadas na conveniência e na velocidade. O Walmart, por exemplo, tem se beneficiado de sua vasta rede de lojas para acelerar a entrega de produtos, desde itens perecíveis até produtos não alimentícios. Essa capacidade logística é crucial, especialmente em um setor como o de alimentos, onde o frescor e a pontualidade na entrega fazem toda a diferença.

John Furner destacou um ponto importante: o preço, por si só, não é mais o principal fator motivador de compra. O propósito e os valores sociais das empresas têm ganhado relevância, refletindo uma mudança significativa no comportamento do consumidor. Os clientes estão mais exigentes e não hesitam em boicotar empresas cujas práticas não estão alinhadas com suas crenças e valores. Essa é uma realidade que, no setor de alimentos, incluindo supermercados, se traduz em demandas por produtos mais sustentáveis, éticos e com um impacto ambiental reduzido.

A NRF 2025 nos mostra, mais uma vez, que o setor de varejo está em constante transformação. O uso estratégico da Inteligência Artificial, a adaptação ao novo comportamento do consumidor, hiperpersonalização e a reconfiguração das cadeias logísticas são apenas alguns dos caminhos que definem o futuro do varejo de alimentos. Como líderes, temos a responsabilidade de nos adaptar e evoluir rapidamente, aproveitando as oportunidades que a tecnologia nos oferece e garantindo que nossas práticas estejam alinhadas com os valores que nossos consumidores esperam.

O cenário é desafiador, mas também repleto de oportunidades. A NRF 2025 reafirma a importância de estarmos preparados para as mudanças, com equipes capazes, dispostas a inovar e a garantir que o varejo supermercadista continue a crescer de forma sustentável, conectando-se cada vez mais com as necessidades e os desejos de nossos consumidores.

Fábio Queiróz, Presidente da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (ASSERJ) e primeiro vice-presidente da Associacion de Las Américas de Supermercados (ALAS).

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