Em um recorte feito especialmente para o Brasil, o IBR fez um levantamento de como os empresários brasileiros avaliam os reflexos da pandemia da covid-19 em seus negócios e as perspectivas de recuperação no curto prazo.
Com relação às condições das empresas no final de 2020, 46% dos entrevistados afirmaram estar “fortalecidos, com novos produtos/serviços e caixa equilibrado”; para 64% o conceito que mais se aplicou foi “com uma equipe mais experiente e fortalecida para lidar com crises”; 36% apontaram a “redução nas operações e muitas dispensas, como ajustes necessários para a recuperação”; e somente 13% apontaram o “aumento do endividamento e déficit operacional de caixa” como opção que melhor descrevia a situação da empresa em dezembro.
No que se refere ao tempo para recuperação dos negócios, tendo por base os índices alcançados antes da pandemia, a maioria dos empresários (43%) acredita que essa recuperação levará de seis meses a um ano; de um a dois anos foi o tempo previsto por 25% dos entrevistados; 16% deles foram mais otimistas, pois acham que a recuperação se dará em menos de seis meses. Para 4%, não houve redução de receita, e a receita aumentou para 6%.
Na avaliação das medidas mais importantes para suportar o crescimento da empresa, 28% dos empresários optaram por “inovação, para permanecer competitivo no mercado”; seguidos por 23% escolheram a “reforma tributária, para maior eficiência, simplificação, transparência e redução da carga tributária”. A “estabilidade política, com aprovação de reformas administrativas e redução da dívida pública” foi o item mais importante para 17%; “mais acesso ao mercado de capitais e/ou novas fontes de financiamento” foi a opção escolhida por 15%, e 13% dos entrevistados acham que a “melhoria das estruturas regulatórias, para dar maior segurança ao investidor” é o que vai ajudar no crescimento das empresas.
Vale ressaltar que, nesta edição da pesquisa, o empresário brasileiro se mostrou o mais otimista entre os de todos os países sobre a tendência de desempenho de seus negócios. Para 72% haverá aumento de vendas e receita nos próximos 12 meses. São 21 pontos percentuais (p.p) a mais do que o apontado na edição anterior (51%), divulgada em julho, e muito acima da atual média global (45%).
Para Daniel Maranhão, CEO da Grant Thornton Brasil, o aumento da confiança é essencial para a retomada dos investimentos. “O otimismo entre os empresários aumentou, principalmente, por conta da esperança na vacina contra a covid-19, que deve levar o consumo de volta aos patamares pré-crise. A expectativa de continuidade das reformas pelo governo, que pode conter o crescimento explosivo da dívida pública e melhorar a estabilidade macroeconômica, além da expansão do regime de concessões e privatizações, são fatores que também contribuem para esse sentimento.”
“Apesar do cenário ainda nebuloso, tanto com relação à velocidade da vacinação quanto ao atual ambiente político no Brasil, é fundamental continuar atraindo investidores externos para impulsionar de forma mais efetiva a economia, já que os investimentos dos governos devem ser ainda mais reduzidos. É importante manter o otimismo, mas com o pé no chão, pois o cenário ainda requer prudência”, finaliza Maranhão.