Uma recuperação rápida e com resultados 100% efetivos. É o que destaca o médico intervencionista Diogo Santos, de 37 anos, que foi o primeiro paciente na América Latina a ser submetido à fundoplicatura endoscópica, com uso do dispositivo médico Esophyx, para tratamento da Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE).
O recurso terapêutico, que já é usado nos Estados Unidos e Europa há mais de dez anos, teve seu uso aprovado pela Agência Nacional Vigilância Sanitária (Anvisa) em outubro do ano passado, e desde então um grupo de médicos especializados em cirurgias digestivas e endoscopia passam por um criterioso treinamento promovido pela EndoGastric Solutions, empresa norte americana responsável pelo desenvolvimento da nova tecnologia terapêutica. A Doença do Refluxo, segundo dados da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), atinge cerca de 30% da população adulta do Brasil.
O médico Diogo Santos, que há cerca de um ano sofria com o agravamento dos sintomas da DRGE, se submeteu à fundoplicatura endoscópica realizada no Brasil e na América Latina no dia 30 de janeiro. O procedimento foi realizado no Hospital San Gennaro, na cidade de São Paulo, com equipe comandada pelo cirurgião do aparelho digestivo Eduardo Grecco. O trabalho contou com o auxílio do gastroenterologista e cirurgião Manoel Galvão Neto e do também cirurgião Thiago Ferreira Souza.
Diagnosticado com uma hipotonia acentuada do esfíncter esofagiano inferior, um dos multifatores da Doença do Refluxo, o médico ficou sabendo do novo tratamento recentemente aprovado pela Anvisa, que é minimamente invasivo e com resultados tão efetivos quanto a cirurgia convencional. “Junto com o meu médico, avaliei que este novo recurso terapêutico é bem menos invasivo e o tempo de recuperação é menor”, explica.
Segundo o médico, após um mês de realização do procedimento endoscópico, os sintomas da DRGE cessaram. “Nas primeiras duas semanas há um certo desconforto ao ingerir alimentos, por isso no começo é necessário uma dieta especial, mas algo bem controlável, e depois se percebe uma melhora muito significativa”, destacou o médico.
De acordo com o cirurgião do aparelho digestivo Eduardo Grecco, a primeira fundoplicatura endoscópica no Brasil foi extremamente bem sucedida, tanto durante a realização do procedimento, quanto no pós-operatório. “Não tivemos nenhum tipo de intercorrência. Foi um sucesso total. Acredito que esse novo procedimento, em muito pouco tempo, terá um grande espaço no tratamento da doença do refluxo no Brasil”, destaca Grecco.
Recuperação
Segundo Eduardo Grecco, a recuperação do procedimento é de fato bem rápida, sendo que em pouco mais de 24 horas já é possível voltar às atividades profissionais. “Teoricamente é um procedimento em que o paciente pode ser liberado no mesmo dia, mas nesta primeira realização, optamos como protocolo manter ao menos um dia de internação”, explica.
Conforme Grecco, nas duas primeiras semanas é necessário um cuidado especial com a alimentação. “São cincos dias de uma dieta líquida mais restrita, depois mais cinco dias com uma dieta líquida com sopas, e após estes dez dias o paciente passa por uma consulta para avaliação. Estando tudo bem, passa-se para uma dieta mais cremosa ou pastosa por uns cinco dias e então volta para sua dieta normal”, esclarece.
Qualidade de vida
De acordo com Eduardo Grecco, o novo tratamento para a doença de refluxo chega como uma alternativa para os cerca de 40% de pacientes com DRGE, que não obtêm resultados satisfatórios com o tratamento medicamentoso. “Temos muitos pacientes que não toleram o uso de algumas medicações, sem falar dos efeitos colaterais do seu uso a longo prazo”, lembra o médico.
Eduardo Grecco salienta ainda que o refluxo é um mal que tira muito da qualidade de vida do paciente. “É uma doença que impacta fortemente o sono da pessoa, que também passa a se privar de todo tipo de alimento para não ter os sintomas do refluxo e com isso a qualidade dessa alimentação também cai. O paciente também se priva até de ir a eventos sociais e isso também afeta a autoestima. Ou seja, é uma doença que interfere em todos os âmbitos da vida do paciente, seja ele familiar, social e profissional”, afirma.
Se não tratado, o refluxo pode agravar doenças já existentes como bronquites e asma, e ocasionar outras, como úlcera do esôfago e o chamado esôfago de Barrett, que pode evoluir para um câncer. Outras complicações da doença também são inflamação das cordas vocais, engasgos frequentes e noturnos e dificuldades para engolir, entre outras.