Depois da água, o café é a bebida mais consumida do mundo e o Brasil é segundo maior consumidor do produto. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), em 2020 o consumo de café cresceu no Brasil 1,34% e o consumo per capita de café torrado no país é de 4,79 Kg por ano. Com isso, as empresas associadas à Abic registraram no ano passado um crescimento de 2,19%. O café movimenta a economia e ajuda a alimentar milhares de famílias, mas e para saúde, será que o café é herói ou vilão?
De acordo com a nutricionista Amanda Cristina Motte, o café deve ser consumido de forma moderada e seus benefícios estão relacionados com a quantidade ingerida por dia e a forma de preparo. Ela diz que aqueles que têm por hábito tomar uma xícara quentinha de café, podem se beneficiar dos efeitos da cafeína e de uma série de outras substâncias. “O grão de café possui de 1% a 2,5% de cafeína, que atua como estimulante do sistema nervoso e do músculo cardíaco. Aumenta a atenção, a concentração e a memória. Possui ácidos clorogênicos em maior quantidade que os outros componentes, que possuem atividade anticancerígena e propriedades antioxidantes, responsável por retardar o envelhecimento,” afirmou a nutricionista.
Café como estimulante
O mais famoso efeito do café no organismo é derivado da cafeína, mas não só. “Há também minerais, açúcares, gorduras, aminoácidos e vitaminas do complexo B que ajudam a estimular o metabolismo e melhorar o desempenho na prática de exercícios físicos”, afirmou a nutricionista Amanda Cristina Motte.
Ação antioxidante
Responsável por atrasar o envelhecimento do organismo, uma das funções mais importantes do café no organismo é o seu efeito antioxidante, afirmou a nutricionista. Ela cita que essa propriedade do café é bastante utilizada na produção de cosméticos e que inclusive uma investigação realizada pelo Instituto Nacional do Câncer dos EUA mostra que o café pode oferecer um ganho de até 10% na expectativa de vida do homem e de até 15% na expectativa de vida das mulheres. A nutricionista lembra também que os efeitos antioxidantes do café também diminuem o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e outras doenças inflamatórias.
Café e a estética bucal
A odontóloga Carla Rockenbach afirma que o amarelamento dos dentes está associado a um processo de envelhecimento natural, mas para quem tem o hábito de tomar café esse processo se torna mais acelerado. “O café possui um pH muito baixo comparado ao da boca, causando desmineralização do esmalte, facilitando a aderência dos pigmentos que causam manchas e aumentando a sensibilidade dental,” afirmou a odontóloga.
Para resolver esse problema, muitas pessoas optam por fazer clareamento dental, mas a odontóloga afirma que essa solução é temporária. “O clareamento dental é uma desidratação dos dentes, um processo químico em que os radicais livres provenientes do agente clareador que penetram na estrutura dentária e realizam a oxidação das cadeias carbônicas que constituem as moléculas pigmentadas. No clareamento, os dentes voltam bem rápido a ficarem manchados” afirmou. Segundo a odontóloga, o mesmo acontece também com as resinas.
Para ela, a medida definitiva, que resolve as manchas de café nos dentes são as facetas de porcelana. “A faceta em porcelana é hoje o único material que não vai manchar, por que as facetas são formadas por uma substância sólida, altamente polida em que ainda é aplicada uma camada de glaze – que é uma camada a mais de brilho, isto preserva a cor e a faz permanecer intacta por um período muito maior” afirmou a odontóloga.
Os perigos de consumi-lo em excesso
A nutricionista afirmou que, se ingerido em excesso, o café pode aumentar a frequência cardíaca e deixar o corpo em estado de alerta. “É por isso que seu consumo em excesso pode ser perigoso para o corpo, visto que pode criar cenários oportunos para fadiga motora e crises de ansiedade” disse. “Consumi-lo em grandes quantidades também pode estar associado a elevação nos níveis de colesterol e da pressão arterial”, afirmou. A profissional afirmou que o Ministério da Saúde recomenda para um adulto a dose diária máxima de três xícaras ou até o volume 100 ml por dia.
O excesso do consumo do café também está associado a casos de úlcera, gastrite e refluxo ou outras doenças gastrointestinais, causando desconforto e dor devido ser estimulante da secreção ácida e da pepsina do estômago é o que afirma o médico gastroenterologista, Thiago Patta, diretor do Instituto de Videocirurgia, Gastrocirurgia e Obesidade de Rondônia. Por isso, o médico afirma que não é correto ingerir o café em jejum. “O interessante é o café ser ingerido após a refeição, para tirar aquela sonolência que dá após nos alimentarmos”, afirmou.
Café com Leite
O parceiro mais famoso do café é o leite, não é pra menos, pois a nutricionista afirma que quando consumido com leite, o café tem seu valor nutricional aumentado, “principalmente para crianças e idosos”, afirmou. Ela pondera que a medida ideal é no máximo a metade de cada, ou a prevalência do leite na mistura, pois o excesso de café pode interferir reduzindo a absorção do cálcio presente no leite.
Além disso, o leite tem o poder de ajudar a neutralizar o efeito danoso do café como agente causador das azias, gastrites e refluxos. O médico Thiago Patta afirma “essa mistura pode diminuir a ação estimulante da secreção ácida do estômago, o que reduz o refluxo gástrico e a sensação de desconforto”.